quarta-feira, fevereiro 1

Nesse dia Portugal perdeu um Rei e Vila Viçosa um amigo...

No dia 31 de Janeiro de 1908, o rei, que se encontrava em Vila Viçosa, tinha dado carta branca a um documento que autorizava a expulsão para fora do país ou o degredo nas colónias de todos os criminosos que cometessem crimes contra a segurança do Estado. Se este facto influenciou de algum modo o que se viria a passar no dia seguinte é algo que a História provavelmente nunca virá a dar resposta. Todavia a maior parte dos historiadores pensam que o regicídio foi um acto que era há muito planeado e que esse documento não influenciou de forma decisiva o que viria a acontecer no dia seguinte.

No dia 1 de Fevereiro o rei ao regressar de Vila Viçosa desembarcou no Terreiro do Paço, na linha Sul e Sudeste. Quando a carruagem se dirigia para o paço, o rei D. Carlos foi alvejado pelo caixeiro Alfredo Costa enquanto o príncipe D. Luís Filipe era morto da mesma maneira por um professor, Manuel da Silva Buíça. D. Amélia conseguiu proteger o seu filho mais novo, D. Manuel que sofreu um ligeiro ferimento. Os regicidas foram imediatamente abatidos enquanto a carruagem partiu em debandada para o Arsenal da Marinha.

Este crime deixou toda a opinião pública estupefacta, incluindo os próprios republicanos. Apesar do ódio que o rei começava a suscitar devido à sua política centralizadora, todos reconheciam nele as qualidades de homem de carácter e de dignidade. A sua política repressiva era plenamente justificada pela agitação política que se vivia. Daí que esse acto tivesse sido condenado por todos os sectores da opinião pública, como tendo sido um crime bárbaro e estúpido.

O certo é que o regicídio marcou uma viragem abrupta na cena política. Dias antes, com o 28 de Janeiro, grande parte dos chefes revolucionários tinham sido presos e o próprio falhanço do golpe tinha fortalecido psicologicamente a política real. O franquismo identificava-se com os objectivos do próprio rei e por isso a sua morte significava irremediavelmente o fim dessa tentativa de segurar um regime que estava preso por arames. Tanto mais que D. Manuel não estava preparado para um cargo para o qual não tinha sido orientado e que dificilmente conseguiria conduzir.
http://www.citi.pt/